Em geral, essa é a pergunta mais ouvida pelo professor de música. Tal questão nos faz pensar no quanto ensinar música torna-se algo tão peculiar, pois, trata-se de ensinar uma cultura de natureza infinita, constante e de formação contínua. Logo, a questão não é o tempo em si, não é como chegar em algum lugar, mas sim o percurso. O processo de ensino-aprendizagem é uma via que perpassa pela subjetividade de cada aluno, cada qual tem sua forma de enxergar a música e principalmente enxergar-se nela, sendo assim, faz-se necessário a compreensão que o ensino da música não é como receitas de bolo ou fórmulas gerais, por isso, que alguns alunos desenvolvem mais rápido, outros de forma mais moderada, e alguns mais lentos, porém, vale pensar que isso não importa, pois, se tratando de tempo, cada um tem o seu. Portanto, queremos ressaltar que dentre tantos motivos que levam alguém a aprender um instrumento, 3 aspectos são crucias neste processo: Um Mentor, Metodologia e Tempo.
Ter um Mentor não é ter alguém que faça todo o trabalho designado para que se aprenda música, mas sim ter alguém que oriente, estimule e principalmente acrescente ao aluno tudo o que for necessário para seu desenvolvimento musical. O professor tem um papel de indicar os caminhos aos alunos sem que isso seja uma barreira na relação entre ambas as partes, deve haver transferência entre os dois. A importância de ter alguém por perto ensinando, seja virtualmente ou presencialmente, é que traz ao aluno, um parâmetro, tal feito faz com que o aluno se espelhe e perceba o necessário para aprender. Aprender sozinho não é errado. Quando recebemos alguns alunos que chegam até nós com um certo grau de conhecimento de forma autodidata, percebemos que o conteúdo está ali no aluno, mas quase sempre não possuem a dinâmica para aplicar e evoluir o assunto, este é um dos grandes motivos que levam a maioria dos autodidatas a procurarem um professor. Algumas dúvidas não sanadas podem vir a se tornar pequenos vícios que o aluno, sozinho, nem sempre enxerga e é exatamente neste ponto que a influência de um mentor pode positivar no aprendizado do indivíduo. Tenha um professor.
O segundo aspecto que influencia diretamente na aprendizagem é o Método. Como foi dito anteriormente, não há uma receita que funcione com todos. Sendo assim, não existe apenas um método infalível na educação musical onde se pode afirmar que todos aprenderão com ele. Quanto maior o contato que o aluno tiver com vários métodos, maior será a sua absorção de conhecimento, e de uma multiforme visão do mesmo assunto. Seja ortodoxo ou não, o método é necessário para “amarrar” o conteúdo programático aliado a prática de ensino, tornando assim, a melhor compreensão nas aulas. Com método, se torna possível os objetivos em curto, médio ou longo prazo. É correto afirmar que o método disciplina o aluno, não o engessa. Mas como a pergunta que faz sobre o tempo que se leva para aprender, costumamos dizer que isso também dependerá da metodologia, pois, um método pode desestimular ou estimular um constante desenvolvimento, por isso, a importância de não fixarmos em apenas uma maneira de ensinar.
O terceiro pilar dessa construção educacional na música é sem dúvidas o mais importante: O Tempo. Quando falamos de tempo, quase sempre associamos isso ao tempo que o aluno se dedica ao instrumento, mas queremos chamar a atenção para um outro tipo de aspecto relacionado ao tempo, o tempo individual que se leva para dominar o instrumento. A ansiedade é o maior inimigo do processo de aprendizagem, pois, rouba do aluno o prazer de estar aprendendo. Por isso que dessa forma, o melhor remédio seria a paciência. O aluno deve ter paciência consigo mesmo, e entender que há determinados contextos na música que só conseguimos realizar ou dominar com o devido tempo, e que isso é normal. Compreender que cada indivíduo tem uma relação pessoal com a música é o primeiro passo para obter resultados positivos, isso serve para os alunos, os professores e também os pais dos alunos. Aprender a tocar um instrumento de forma rápida, não tem nenhuma relação com tocar de forma adequada, com qualidade. Assim como aprender a tocar um instrumento de forma lenta não tem a ver com tocar com menos qualidade. Entende-se que não é o tempo que se leva para aprender que determina o valor do aluno, mas sim o que o aluno faz com o seu próprio tempo. Enfim, há também uma grande responsabilidade do aluno em praticar seu instrumento, em estudá-lo, pois, isso influencia totalmente em seu desenvolvimento. Não há fórmula mágica, se o aluno não se dedica, ele não tem ganhos. Não amadurece. Não aprende.
Sendo assim, estes 3 aspectos aqui citados, só subsistem se forem experimentados de forma simultânea. Não há como o aluno aprender se ele tem um excelente professor, mas não possui um método, ou não possui tempo. O mesmo acontece se o aluno tiver tempo para estudar, tiver método, mas não tem quem o direcione, isso pode desestimula-lo. Há também aqueles que, possuem apenas os métodos, as fórmulas, as receitas mágicas (que estão aí na internet, prometendo resultados imediatos) mas não tem professor para supervisiona-los. O Mentor, o Método e Tempo, alinhados ao mesmo propósito de ensino musical, tornam-se ferramentas inegociáveis, indispensáveis para que o aluno então não só aprenda, mas que seja um indivíduo MUSICANTE.